MATHEUS LESTON - Meet the BRIFW Immersive Community

Nesta série de entrevistas você vai conhecer alguns dos principais talentos que vem transformando as areas de moda, beleza e cultura com seus trabalhos envolvendo criatividade e novas tecnologias.

MATHEUS LESTON// Musician and Developer // 37 year // São Paulo - SP // Brazil

Matheus Leston é músico e desenvolvedor que produz trabalhos artísticos que criam relações íntimas entre som e imagem, música e visualidade.

Leston estudou música desde os oito anos e é filho de um programador. Desde criança experimentava código e programação e de alguma forma esses dois caminhos se conectaram no início da adolescência, quando descobriu a música eletrônica e a música experimental.

QUAL A RELAÇÃO DO SEU TRABALHO COM A TECNOLOGIA?

“Por mais que às vezes essa relação não seja tão clara, eu entendo que o meu trabalho é, de uma forma ou de outra, sempre uma tentativa de criar relações íntimas entre som e imagem, música e visualidade. E a maneira de criar essas conexões é através da tecnologia. Mas eu tenho em mente que esse tipo de aproximação, entre som e imagem, pode ser também problemática, pode ser falsa, e por isso procuro sempre ter uma perspectiva crítica sobre a tecnologia.

Na minha maneira de ver, a tecnologia não é uma ferramenta. Eu não tento usar ela como um jeito de chegar a um resultado que eu quero e sei qual é. Para mim, a tecnologia muitas vezes é a própria forma do trabalho, e as ideias muitas vezes surgem da experimentação com programação, ou com softwares, ideias, conexões.”

UM MOMENTO SIGULAR DA SUA CARREIRA?

“Embora essa ideia de “turning point” seja muito bonita, eu não acho que isso aconteceu na minha carreira. Pelo contrário, foi uma construção muito paulatina e lenta que me permitiu chegar onde eu estou.

Para pagar as contas, eu comecei programando trabalhos para outros artistas e ajudando a resolver questões técnicas. Aos poucos comecei também a fazer esse tipo de projeto para marcas e eventos, cada vez mais tendo participação criativa nos processos. Isso me fez experimentar e aprender muita coisa que fui carregando para o meu trabalho pessoal e para a minha pesquisa, que foi se tornando cada vez mais central e mais importante do que os projetos comerciais."

COMO A TECNOLOGIA MUDOU SUA VIDA?

"Eu admito que tenho certa dificuldade de entender o que é tecnologia. De alguma forma, tudo é tecnologia, desde um supercomputador a um garfo. E eu sou de uma geração que acompanhou muitas transformações muito intensas no mundo com o começo do computador pessoal, os celulares, o começo da internet.

No meu trabalho pessoal, o computador é a ferramenta mais importante, sem dúvida. E ele mudou a minha vida porque mudou a minha forma de pensar: muitas vezes as ideias não são resultados específicos que eu quero chegar, mas sim processos que quero experimentar.” 


QUAIS SÃO OS SEUS PLANOS PARA O SEU FUTURO PROFISSIONAL?

“Eu estou participando de uma grande exposição que, ao longo do ano, vai viajar por quatro cidades do Brasil. Nessa mostra, eu apresento uma instalação de som e luz, que é um dos meus maiores interesses e que quero seguir pesquisando daqui em diante.

Mas para além de ir atrás de oportunidades para mostrar o que já fiz, o foco central é criar novos projetos, novas ideias. Produzir, ter uma vivência diária de estúdio / ateliê para criar novas coisas. Sei que quero produzir o novo show da Orquestra Vermelha, diferente do que ela é até então, mas as outras novidades ainda não sei. O importante é focar na criação e em abrir o espaço para isso.”

CONSELHOS PARA NOVOS ARTISTAS DIGITAIS?

“Não fiquem isolados em busca de criar o trabalho perfeito. Conversar sobre suas ideias é uma das coisas mais importantes e o próprio ato de mostrar algo, mesmo que em processo, já muda a sua observação.”

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